Voltei à companhia do Gabriel Allon e das suas desventuras para salvar o mundo. Um mundo encarado do ponto de vista ocidental, o único que merece ser salvo. A escrita deste thriller é eficaz, conhecendo o Daniel Silva todos os truques para assegurar uma boa narrativa, plena de interesse e de suspense. Os efeitos visuais, o sentido de humor e as personagens bem conseguidas, onde coexistem mais do que uma mulher dignas de registo, prendem o leitor, superando largamente o apetite literário próprio da modorra de Verão à beira-mar.
Deixo-vos a linha de entrada de uma dessas heroínas: Receio estar a sentir um cigarro aproximar-se – disse ela. – Quer-me acompanhar?
Ou a palete curta e o traço breve desta evocação do pai de Gabriel Allon:
Gabriel só podia imaginar como seria ser filho de um grande homem. O seu pai tinha sido morto na Guerra do Seis Dias e as recordações que Gabriel tinha dele eram, na melhor das hipóteses, apenas fragmentadas: uns olhos castanhos inteligentes, uma voz agradável que nunca subia de tom por estar zangada, umas mãos fortes que nunca lhe batiam.