Acabei de ler “Pesquisa sentimental” de José Couto Nogueira, o meu professor de escrita criativa do El Corte Inglés. (2-8-2009)
Um virtuoso passeio por uma Lisboa de meia idade e muito classe média (já a puxar um pouco para a alta). Estamos a falar de um romance escrito por quem reflecte imenso sobre as técnicas de escrita, a utilização das imagens e a atenção aos pormenores, desde o que se veste aos arquitectónicos, passando por uma vasta paleta de sentimentos e emoções. Nas imagens JCN é de uma surpreendente eficácia. Procura mesmo inovar integrando novos elementos da nossa paisagem contemporânea, “alto como uma torre eólica”, ou então surpreende-nos como uma sensibilidade poética e mordaz, como na cena de amor em que ela lhe lambe o pescoço como as feras fazem com as suas crias…
Sente-se que o livro demorou a ser escrito – constatação facilitada por uma rápida consulta à bibliografia do autor – palavras que parecem prender o autor desaparecem para nunca mais serem usadas, como inexorável (logo no início do livro).
Gostava de perceber a pica que o autor sente pelo espaço apertado de um cubículo de WC, para encontros de índole sexual… quando frequentava o curso, o oitavo de escrita criativa, a propósito de uma cena idêntica, no seu livro “O Tàxi”, faltou-me a coragem para o abordar.
Resumindo, este livro é um fresco sobre uma Lisboa possível, a busca da felicidade e do papel do amor nas nossas vidas.
Meu caro aluno, leitor e amigo: as cenas de casa de banho são um lugar comum, ou pelo menos eram, nos tempos em que frequentava as noites. Não as inventei, e pessoalmente não lhes acho muita piada, mas são factos da vida (nocturna)…
A descrição está tão realista… estimado professor, leitor e amigo.