Todas as palavras nascem de costas para Espanha e descem em direcção ao sul, atravessam vales e montanhas, rios e oceanos e desaguam nas Áfricas e Brasis; e, mesmo quando chegaram à Ásia, o fizeram contornando o mundo a sul.
O português foi um povo que se fez palavra e partiu descendo, escorregando por um declive e a esse abismo chamou lusofonia. Hoje, quando nada mais resta, lá se encontra uma palavra portuguesa, fixada no nome de uma rua, brilhando no rosto sorridente de uma criança que responde por um nome português, cantada numa canção ou sofrida no rezar, como no Cemitério de Santa Cruz.
Extinguiu-se Portugal no mundo. Acreditai agora no regresso de todas essas palavras que partiram a sul. Palavra mátria e fecunda do nosso fado luso.
Na Poética, no dia 10 de Março, teve lugar um debate, bastante participado, com os autores José Luís Outono e António Ganhão. A Virgínia do Carmo foi uma inexcedível anfitriã.
Somos ” chão e verbo”, como diria o poeta. E se o chão, porventura se perde, é o verbo que ainda ecoa por onde passamos e fica a lembrar-nos o quanto a língua nos mantem além, quando nos julgamos já perdidos.
Estive lá! E foi um prazer, viajar convosco nas palavras.
Obrigada!