O mundo editorial oferece dois tipos de suporte: o livro impresso e o e-book (na maioria dos casos uma transposição direta do livro impresso). O preço praticado nos e-books fazem dele uma fraca alternativa ao suporte em papel, apenas encontramos uma redução nos encargos para o editor/distribuidor. Precisamos, assim, de propostas fracturantes, próximas do caos.
O PROJECTO NOVELÁRIO, de Luís Carmelo, propõe-nos um livro que nasce em fascículos. Fascículos digitais, a ser lidos no seio de uma comunidade de leitores virtuais e que no fim surgirá na forma de livro impresso.
Estamos assim perante uma metodologia perversa: o livro nasce digitalmente, é lido em comunidade e só no fim é impresso. A inversão dos símbolos sagrados tem uma energia mística, invocativa de forças ainda por revelar. O sagrado primitivo tinha muito do que, hoje aos nossos olhos, seria considerado magia, feitiço, práticas pagãs…
É natural que, face à sua perversidade, olhemos esta proposta do Luís com mitigada cautela. Eu espero que ela lance o caos nas mentes instaladas, o universo nasceu assim. E dentro de um livro cabem todos os universos do mundo.
Para quem escreve à mão
no papel cru
com prazer em rasgar
e beneficia do seu cheiro
admito o caos
A primeira ação sobre o caos já é poesia…