Design: a poética em estado bruto by Luís Carmelo
Neste livro Luís Carmelo fala-nos do design e da sua relação profunda e perene com a ilusão humana, com o sonho, mas com um sonho em que se pode tocar.
O design começou por ser a pele dos objectos a forma exterior visível e texturada para passar a ser ergonómico, uma pele que é o prolongamento da nossa pele. Tornando-se presente em todos os objectos, evidenciando-se para além da sua forma ou da sua função, acabou por integrar o nosso olhar sobre todas as coisas, como “uma hipnose com os pés na terra.”
“No tempo das narrativas orgânicas e axiais, tudo apontava para âncoras particularmente fixas (heróis mitológicos, o nome de Deus, os valores ideológicos, tanto faz). Agora, os signos apontam para os signos, os sinais para os sinais e os avisos para os avisos.”
Neste livro existe um percurso pela história do design, pelas suas propostas, por alguns objectos que marcaram o autor e até pelas redes sociais, por “esses instrumentos de inscrição expressiva como o Facebook e o Twitter que passaram a traduzir, como nenhuns outros, este renovado design baseado na fórmula vintage “Think small”.
No entanto alerta-nos para o facto de “apeado da eficácia, o design morre, mumifica…”
“Nem sempre o design se dirige para o casamento entre a estética e a eficácia. Muitas vezes reentra num jogo que apenas visa o próprio jogo.” Um ardil de sedução, uma astúcia que propõe a quem o use uma descoberta, um empenho, um entrar nesse jogo, “aspira sobretudo ao logro de quem o use.”
Este livro leva-nos a descobrir o design sobre uma perspectiva apaixonada, numa narrativa poética. “Um novo Deus em cena a escrever direito por linhas muito subtis.”