O Homem do Turbante Verde, de Mário de Carvalho

“Quanto ao professor, estava manifestamente a mais nesta fase da expedição e todos pareciam concordes com isso.”

A trama parece, desde o início, revelar o seu desfecho final, como se no plot traçado não tivesse implícito um volte face. Uma mestria que faz destes contos uma verdadeira aventura para o leitor. São vários os ambientes percorridos por estas narrativas, desde os mais exóticos, ao conturbado período de sobrevivência à ditadura portuguesa. Em todos, um tema comum, uma certa crueldade que parece contida na mente e atitudes dos homens, que se liberta ao sabor do acaso ou do destino. Um mal sem objectivo aparente ou moral assertiva.

A escrita destas narrativas curtas é cuidada e clara, dotada de apontamentos fora do léxico comum que reforçam o ritmo da acção. “Num instante, a multidão oscilou, dividiu-se, sombras correram, a vaia modelou-se em vozeios diferenciados, crepitaram ruídos corridos de passos, desaustinaram tropeios de botas.” E tudo ficou dito sobre a  multidão em fuga sujeita a uma carga policial. Toda a emoção e toda a tensão num ritmo desaustinado, num relato perfeito. Dispensam-se mais palavras.

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Uma resposta a O Homem do Turbante Verde, de Mário de Carvalho

  1. Mar aravel diz:

    Que chovam relâmpagos
    para alumiar as urnas

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