Num universo em que tudo tende para a simetria, o tempo corre de forma assimétrica, do passado para o futuro. E se existisse um universo paralelo ao nosso? Em que o vetor do tempo fosse simétrico e apontasse do futuro para o passado? Esses dois universos cruzam-se nas nossas vidas no único momento em que coincidem: o do nosso nascimento e o da nossa morte. O fim de todo o tempo, o instante em que, nas nossas vidas, os dois vetores se anulam.
Vivemos ou ensaiamos diversas possibilidades num permanente jogo de simetrias?
Esta peça de João Lourenço, em cena no Teatro Aberto, está muito bem montada e as interpretações são excelentes. O timing das repetições e o uso do espaço cénico ajuda a reforçar a ideia de mundos paralelos, simétricos ou em oposição. Existe o livre arbítrio se a estatística o nega?
Sinopse:
Um homem e uma mulher conhecem-se, apaixonam-se, vivem juntos, separam-se, reencontram-se, reconciliam-se, ou talvez não. Talvez tudo seja, possa ter sido ou venha a ser diferente, conforme as circunstâncias com que se deparam e as escolhas que fazem ou deixam de fazer. Nos múltiplos universos paralelos em que estão, há múltiplas variantes da sua história de amor: talvez nunca mais se voltem a ver ou talvez fiquem juntos até que a morte os separe.
Seguindo uma tese da física teórica, segundo a qual há mais do que três dimensões do espaço e uma dimensão do tempo, Constelações mostra-nos um multiverso onde a vida assume uma miríade de formas em simultâneo e todos os futuros são possíveis. Mas será que aquilo que acontece depende das nossas decisões? Será que depende do acaso? Ou de algo mais que não se vê e não se conhece?
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CONSTELAÇÕES, de Nick Payne
Ficha técnica:
Versão João Lourenço | Vera San Payo de Lemos
Dramaturgia Vera San Payo de Lemos
Encenação João Lourenço
Cenário António Casimiro | João Lourenço
Figurinos Dino Alves
Luz Alberto Carvalho | João Lourenço | Marcos Verdades
Vídeo Luís Soares
Dança a Par João Fanha | Raquel Santos
Com:
Joana Brandão | Pedro Laginha