Luís Carmelo foi o autor convidado do Ciclo de Encontros com Escritores: “Este livro que escrevi”, promovido pelo Âmbito Cultural do El Corte Inglés.
O livro Por Mão Própria era o suposto protagonista do encontro, mas o autor falou-nos da sua trilogia Sísifo (de que esta obra é o segundo volume), e do seu processo criativo de escrita. Os seus fractagrafos, que aplicada às estruturas é a ciência que estuda as fissuras e a sua forma de propagação, surgem aqui como unidades semânticas destruturantes do processo de leitura (pelo menos para quem, já tendo lido os dois primeiros volumes da trilogia, só agora tomou consciência da sua existência).
Se Luís Carmelo escreve romances onde se respira literatura, é como ensaísta que fala do que escreve. Irrequieto, desassossega o leitor como se para isso não fosse suficiente a obra escrita. No romance fica impressa a voz do autor como vestígio único da sua presença física, mas quando fala da sua obra, resgata essa ausência, mesmo que o faça com o distanciamento quase frio do analista. Talvez a confirmar que todo o autor é um impossível leitor de si próprio.
Luís Carmelo no Acrítico, leituras dispersas.
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